Curso de Licenciatura em
Pedagogia – UERJ/CEDERJ
7º Seminário de Práticas
Educativas (2012).
Artigo
ESTÁGIO: EXPERÊNCIA
CONCRETA DE UM EDUCADOR
SALLES,
E. M. (Eliseu Molina Salles)
Eixo
Temático: Pedagogia, Campos de Formação e Atuação
Introdução
Em
um primeiro momento as atividades acadêmicas nos parecem algo monótono e que
talvez não venha a contribuir para a nossa formação acadêmica. Ainda bem que
foi só a impressão inicial, pois somente participando é que podemos descobrir e
avaliar que tais atividades são enriquecedoras em todos os aspectos, pois
estamos sempre trocando experiências e aprendendo novas coisas e até podemos
dizer que o que era obrigação virou prazer.
As
experiências de estágio também são necessárias e importantes, pois é o caminho
principal para associar a teoria e a prática. (começamos então a vivenciar na
prática o que aprendemos na teoria) Ganha-se experiências, ressaltando que as
experiências se adquirem na prática, essa permite ao acadêmico vivenciar o
cotidiano da profissão escolhida. No caso do curso de Pedagogia, no estágio se
aprende as peculiaridades e “macetes” do dia
a dia e rotinas de um ambiente escolar, estando assim preparado para enfrentar
com segurança, ética e profissionalismo a carreira que iremos seguir após o
término do curso, e até mesmo se é aquilo de fato que desejamos fazer, e se
tudo aquilo esta em sintonia com nossas pretensões como seres humanos e que vivemos
em uma sociedade.
Enfim
essa experiência como educando e futuro educador, está sendo maravilhosa, e
proporcionando-me experiências grandiosas e valiosas, são palestras, aulas
inaugurais, visitas a exposições, filmes, seminários, tudo tem seu valor e
importância dentro dos processos de apropriação da pedagogia e tudo o que ela
pode proporcionar, Agora é chegada a hora de desenvolver mais uma experiência,
a de escrever um artigo.
Realidade da educação nas séries
iniciais
Desde
a primeira experiência concreta de estágio, em sala de aula, e nas demais
experiências que se seguiram, das
Práticas de Ensino e do Estágio Supervisionado, nos anos de 2011 e 2012, em
escolas da Rede Municipal de Ensino na cidade do Rio de Janeiro, pude constatar
que as falhas na alfabetização comprometem todo o processo de aprendizagem. Constatei
que uma grande maioria dos alunos que chegavam ao 3º ano (uma grande maioria,
das crianças alunos), não conseguia ler e entender o enunciado de um problema
simples e que não eram capazes de escrever uma frase completa compreendendo o
que estavam escrevendo. Todos esses transtornos
se reproduzem ao longo do desenvolvimento do aprendizado o qual têm suas
raízes na alfabetização.
Fiquei
muito tocado e chocado quando uma aluna me falou que, conseguia escrever, porém
não conseguia ler ou reconhecer ou reproduzir a leitura do que, transcrevia
para o caderno. Esta dura realidade me serviu de grande estímulo a procurar
entender de que forma o indivíduo se apropria da leitura com compreensão.
O sentido da leitura –
as entrelinhas
Em uma rápida reflexão para nós
leitores, ou pessoas que tem ou possuem uma compreensão sobre um determinado
texto, a impressão que fica é de que ler é
atribuir sentidos a partir do que se está buscando no texto, do conhecimento
prévio do leitor, do conhecimento que o leitor tem sobre a linguagem e também
sobre o sistema de escrita, de como percebe e avalia o portador do texto.
Uma ideia que perpassa o
discurso de todos os autores a quem recorri é a de que os textos oferecidos ao
leitor-aprendiz têm que ser textos reais, que façam sentido para ele, porque
sem um texto adequado, ou seja, algo que faça parte do seu conhecimento de
mundo, e que façam sentido, não há como por em prática estratégias inteligentes
que certamente proporcionem a compreensão do texto que está sendo lido.
Esta rápida reflexão nos leva a pensar
que a escola não pode ignorar que a criança é cidadã, de pouca idade, é
verdade, mas que já tem uma história construída no meio familiar e social em
que está inserida e por isso chega à escola com muitos conhecimentos que não
podem ser desperdiçados. Para isso acontecer, é necessário o professor lembrar
que a língua escrita é um objeto de uso social e não de uso exclusivo da
escola.
Recorrendo aos Parâmetros Curriculares
Nacionais que apontam para uma estratégia onde é papel da escola, trabalhar com
a diversidade textual, onde possamos obter ou resultar na formação do leitor
competente.
Neste sentido não há como trabalhar
sem materiais de qualidade, e também sem os textos que circulam fora do
ambiente escolar que fazem parte das práticas sociais e que devem vir para
dentro da sala de aula.
Trabalhar e explorar o conhecimento
prévio do leitor é essencial para que se construa uma expectativa em torno do
ato de leitura.
As inferências e deduções vão explorar
aquilo que está nas entrelinhas, o que não aparece de forma explícita, mas é
importante para a formação do significado do texto.
O
papel do professor
Conforme
relatam alguns autores, o professor tem que se diversificar buscar novos
horizontes, fugir do tradicional, fazer a diferença na maneira de repassar o
conhecimento aos alunos, de uma forma pratica e rápida. Aproveitando as
experiências vividas por cada individuo. Desta forma a aprendizagem inicia com
um estímulo por natureza física e química. O mais importante é perceber e
identificar as necessidades e problemática do aluno para desenvolver um (bom)
trabalho satisfatório.
No Brasil, a legislação
contempla a importância da educação para o desenvolvimento da cidadania, sendo
que a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Art. 205, preconiza
que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
A Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, Lei Nº 9.394/96, em seu Art. 32, estabelece que o Ensino Fundamental
“[...] terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I- o
desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno
domínio da leitura, da escrita e do cálculo”.
A
alfabetização, que é imprescindível para o ser humano pois o torna participante da construção de um
projeto histórico-social, vem ao longo do tempo, na sociedade brasileira, se
expandindo de uma forma desigual, o que acaba por acentuar a seletividade. Além
disso, o fracasso escolar merece destaque porque sabemos que muitas dessas
crianças se tornarão adultos analfabetos ou analfabetos funcionais gerando um
problema social de grandes proporções para o país. A alfabetização implica em
transformação social, e o ato de alfabetizar se dá por meio de uma série de
práticas significativas que tornam o sujeito capaz de ler e escrever com
compreensão. Esta capacidade permeia todo o exercício de cidadania, uma vez que
o integra e desenvolve os conhecimentos.
Leitura e escrita estão interligadas
como práticas que se complementam e se relacionam, pois é por meio da leitura
que se formam leitores competentes que terão a possibilidade de se
transformarem em escritores.
O
que nos dizem os teóricos da educação
“A função
primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar aos
alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os
mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os
alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa
perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está
consciente de seu papel político na luta contras as desigualdades sociais e
assume a responsabilidade de um ensino eficiente para capacitar seus alunos na
conquista da participação cultural e na reivindicação social.” (Soares,
1995:73)
“A
linguagem tem como objetivo principal a comunicação sendo socialmente
construída e transmitida culturalmente. Portanto, o sentido da palavra
instaura-se no contexto, aparece no diálogo e altera-se historicamente
produzindo formas linguísticas e atos sociais. A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a
outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da
necessidade de intercâmbio durante o trabalho”.(Vygotski,1998:07)
Através
da leitura todos se tornam iguais, com as mesmas oportunidades. A leitura, além
de tornar o homem mais livre, possibilita que ele vá a muitos lugares que, sem
a leitura jamais iria. “Através da leitura todos se tornam iguais, com as
mesmas oportunidades. A leitura, além de tornar o homem mais livre, possibilita
que ele vá a muitos lugares que sem a leitura jamais iria” (HOFFMANN, 2009).
“O principal objetivo da
educação nas escolas deveria ser a criação de homens e mulheres que sejam
capazes de realizar coisas novas e não simplesmente repetir o que outras
gerações já fizeram; homens e mulheres que são criativos, inventivos e
descobridores, que possam ser críticos e verificar, e não aceitar, tudo que
lhes é oferecido” (Jean Piaget, educador e cientista suíço).
Desse modo é importante também ensinar
as crianças a formularem perguntas pertinentes, para que possam retirar do
texto o que é significativo para a compreensão e não fazer indagações que
permitam a retirada literal das respostas do texto, num recorte que não
enriquece a compreensão leitora. Um aspecto importante a ser lembrado é que
perguntas que promovem uma volta ao texto para uma nova leitura, uma retomada
das ideias centrais, ou de outras que não ficaram evidenciadas como deveriam,
também são muito interessantes.
O professor deve avaliar
as consequências das brincadeiras espontâneas ou de programas esportivos que
buscam o rendimento da criança. Além disso, vários fatores interferem no
desenvolvimento motor que dependendo da pedagogia a ser usada bem como o
psicológico, biomecânico e fisiológico servem para contribuir no ensino
aprendizagem.
Podemos
considerar que o desenvolvimento motor é influenciado pelo meio como a
urbanização, tamanho da família, posição sócia econômica faz uma diferenciação
somática ao longo do tempo.
Devemos
ainda, considerar que o desenvolvimento motor se dá através de trabalhos
específicos, de acordo com o grau de dificuldade na execução precisa do
movimento. Dentro do atual contexto, cabe a escola através do trabalho do professor
articular estratégias para manter uma relação dialética com a sociedade ao
mesmo tempo em que ela produz e transforma a sociedade e a cultura.
Não
podemos esquecer que a criança não é meramente ignorante ou um recipiente
vazio, mas alguém capaz de raciocinar e extrair sentidos por conta própria e
pelo discurso com outros. Nesse caso o conhecimento se desenvolve a partir do
intercâmbio entre os discursos dos sujeitos pensantes e seus idealizadores.
Em suma se faz necessário por em prática o projeto
político pedagógico da escola através de ações a serem desenvolvidas para o
desenvolvimento intelectual do aluno.
Conclusão
Desejo que essa construção coletiva a partir de
pensamentos em comum com outros autores e que essa troca de experiências e
reflexão, contribua de forma significativa na compreensão de quão grande e
importante torna-se a aquisição da leitura e seus significados no processo de
alfabetização das crianças e o papel que o professor pode e deve desempenhar na
sala de aula.
Concluo que, devemos trabalhar
a leitura desde a alfabetização é também dar importância
as experiências de mundo que a criança já traz e vivenciou fora da escola. O desafio dos
professores é aproveitar todo esse rico material que nossas crianças
naturalmente adquirem e transformar em experiências de valor, contribuindo em
todo o processo de letramento da criança leitora, e mais do que isso, ajudar na
construção de um sujeito capaz de contribuir e participar como um verdadeiro
cidadão.
Referências:
HOFFMANN, Jussara. Texto de Hoffmann
relacionado à Leitura. 2009. Disponível em:
http://doidoeusodeperto.blogspot.com/2009/05/texto-de-hoffmann-relacionado-leitura.html.
Acesso em: 20 de Junho de 2012.
FERREIRO, Emília. Alfabetização em
processo. São Paulo: Cortez, 1996.
________. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 1990.
http://brincandocomcores.blogspot.com.br/2009/06/alfabetizacao-sequencia-didatica.html Acesso em 20/10/2012
________. Secretaria Especial de
Editoração e Publicações. Lei de
diretrizes e bases da educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Brasília, 2007.
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