domingo, 4 de novembro de 2012

7º Seminário Curso de Pedagogia - UERJ/CEDERJ



Curso de Licenciatura em Pedagogia – UERJ/CEDERJ
7º Seminário de Práticas Educativas (2012).

Artigo
ESTÁGIO: EXPERÊNCIA CONCRETA DE UM EDUCADOR
SALLES, E. M. (Eliseu Molina Salles)
Eixo Temático: Pedagogia, Campos de Formação e Atuação


Introdução

Em um primeiro momento as atividades acadêmicas nos parecem algo monótono e que talvez não venha a contribuir para a nossa formação acadêmica. Ainda bem que foi só a impressão inicial, pois somente participando é que podemos descobrir e avaliar que tais atividades são enriquecedoras em todos os aspectos, pois estamos sempre trocando experiências e aprendendo novas coisas e até podemos dizer que o que era obrigação virou prazer.
As experiências de estágio também são necessárias e importantes, pois é o caminho principal para associar a teoria e a prática. (começamos então a vivenciar na prática o que aprendemos na teoria) Ganha-se experiências, ressaltando que as experiências se adquirem na prática, essa permite ao acadêmico vivenciar o cotidiano da profissão escolhida. No caso do curso de Pedagogia, no estágio se aprende as peculiaridades e “macetes” do dia a dia e rotinas de um ambiente escolar, estando assim preparado para enfrentar com segurança, ética e profissionalismo a carreira que iremos seguir após o término do curso, e até mesmo se é aquilo de fato que desejamos fazer, e se tudo aquilo esta em sintonia com nossas pretensões como seres humanos e que vivemos em uma sociedade.
Enfim essa experiência como educando e futuro educador, está sendo maravilhosa, e proporcionando-me experiências grandiosas e valiosas, são palestras, aulas inaugurais, visitas a exposições, filmes, seminários, tudo tem seu valor e importância dentro dos processos de apropriação da pedagogia e tudo o que ela pode proporcionar, Agora é chegada a hora de desenvolver mais uma experiência, a de escrever um artigo.


Realidade da educação nas séries iniciais

Desde a primeira experiência concreta de estágio, em sala de aula, e nas demais experiências que se seguiram,  das Práticas de Ensino e do Estágio Supervisionado, nos anos de 2011 e 2012, em escolas da Rede Municipal de Ensino na cidade do Rio de Janeiro, pude constatar que as falhas na alfabetização comprometem todo o processo de aprendizagem. Constatei que uma grande maioria dos alunos que chegavam ao 3º ano (uma grande maioria, das crianças alunos), não conseguia ler e entender o enunciado de um problema simples e que não eram capazes de escrever uma frase completa compreendendo o que estavam escrevendo. Todos esses transtornos  se reproduzem ao longo do desenvolvimento do aprendizado o qual têm suas raízes na alfabetização.
Fiquei muito tocado e chocado quando uma aluna me falou que, conseguia escrever, porém não conseguia ler ou reconhecer ou reproduzir a leitura do que, transcrevia para o caderno. Esta dura realidade me serviu de grande estímulo a procurar entender de que forma o indivíduo se apropria da leitura com compreensão.


O sentido da leitura – as entrelinhas

Em uma rápida reflexão para nós leitores, ou pessoas que tem ou possuem uma compreensão sobre um determinado texto, a impressão que fica é de que ler é atribuir sentidos a partir do que se está buscando no texto, do conhecimento prévio do leitor, do conhecimento que o leitor tem sobre a linguagem e também sobre o sistema de escrita, de como percebe e avalia o portador do texto.
Uma ideia que perpassa o discurso de todos os autores a quem recorri é a de que os textos oferecidos ao leitor-aprendiz têm que ser textos reais, que façam sentido para ele, porque sem um texto adequado, ou seja, algo que faça parte do seu conhecimento de mundo, e que façam sentido, não há como por em prática estratégias inteligentes que certamente proporcionem a compreensão do texto que está sendo lido.
Esta rápida reflexão nos leva a pensar que a escola não pode ignorar que a criança é cidadã, de pouca idade, é verdade, mas que já tem uma história construída no meio familiar e social em que está inserida e por isso chega à escola com muitos conhecimentos que não podem ser desperdiçados. Para isso acontecer, é necessário o professor lembrar que a língua escrita é um objeto de uso social e não de uso exclusivo da escola.
Recorrendo aos Parâmetros Curriculares Nacionais que apontam para uma estratégia onde é papel da escola, trabalhar com a diversidade textual, onde possamos obter ou resultar na formação do leitor competente.
Neste sentido não há como trabalhar sem materiais de qualidade, e também sem os textos que circulam fora do ambiente escolar que fazem parte das práticas sociais e que devem vir para dentro da sala de aula.
Trabalhar e explorar o conhecimento prévio do leitor é essencial para que se construa uma expectativa em torno do ato de leitura.
As inferências e deduções vão explorar aquilo que está nas entrelinhas, o que não aparece de forma explícita, mas é importante para a formação do significado do texto.


 O papel do professor

            Conforme relatam alguns autores, o professor tem que se diversificar buscar novos horizontes, fugir do tradicional, fazer a diferença na maneira de repassar o conhecimento aos alunos, de uma forma pratica e rápida. Aproveitando as experiências vividas por cada individuo. Desta forma a aprendizagem inicia com um estímulo por natureza física e química. O mais importante é perceber e identificar as necessidades e problemática do aluno para desenvolver um (bom) trabalho satisfatório.
No Brasil, a legislação contempla a importância da educação para o desenvolvimento da cidadania, sendo que a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Art. 205, preconiza que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Nº 9.394/96, em seu Art. 32, estabelece que o Ensino Fundamental “[...] terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I- o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo”.
A alfabetização, que é imprescindível para o ser humano  pois o torna participante da construção de um projeto histórico-social, vem ao longo do tempo, na sociedade brasileira, se expandindo de uma forma desigual, o que acaba por acentuar a seletividade. Além disso, o fracasso escolar merece destaque porque sabemos que muitas dessas crianças se tornarão adultos analfabetos ou analfabetos funcionais gerando um problema social de grandes proporções para o país. A alfabetização implica em transformação social, e o ato de alfabetizar se dá por meio de uma série de práticas significativas que tornam o sujeito capaz de ler e escrever com compreensão. Esta capacidade permeia todo o exercício de cidadania, uma vez que o integra e desenvolve os conhecimentos.
Leitura e escrita estão interligadas como práticas que se complementam e se relacionam, pois é por meio da leitura que se formam leitores competentes que terão a possibilidade de se transformarem em escritores.


O que nos dizem os teóricos da educação

“A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel político na luta contras as desigualdades sociais e assume a responsabilidade de um ensino eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participação cultural e na reivindicação social.” (Soares, 1995:73)

“A linguagem tem como objetivo principal a comunicação sendo socialmente construída e transmitida culturalmente. Portanto, o sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece no diálogo e altera-se historicamente produzindo formas linguísticas e atos sociais. A transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade de intercâmbio durante o trabalho”.(Vygotski,1998:07)

Através da leitura todos se tornam iguais, com as mesmas oportunidades. A leitura, além de tornar o homem mais livre, possibilita que ele vá a muitos lugares que, sem a leitura jamais iria. “Através da leitura todos se tornam iguais, com as mesmas oportunidades. A leitura, além de tornar o homem mais livre, possibilita que ele vá a muitos lugares que sem a leitura jamais iria” (HOFFMANN, 2009).

“O principal objetivo da educação nas escolas deveria ser a criação de homens e mulheres que sejam capazes de realizar coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram; homens e mulheres que são criativos, inventivos e descobridores, que possam ser críticos e verificar, e não aceitar, tudo que lhes é oferecido” (Jean Piaget, educador e cientista suíço).

Desse modo é importante também ensinar as crianças a formularem perguntas pertinentes, para que possam retirar do texto o que é significativo para a compreensão e não fazer indagações que permitam a retirada literal das respostas do texto, num recorte que não enriquece a compreensão leitora. Um aspecto importante a ser lembrado é que perguntas que promovem uma volta ao texto para uma nova leitura, uma retomada das ideias centrais, ou de outras que não ficaram evidenciadas como deveriam, também são muito interessantes.
O professor deve avaliar as consequências das brincadeiras espontâneas ou de programas esportivos que buscam o rendimento da criança. Além disso, vários fatores interferem no desenvolvimento motor que dependendo da pedagogia a ser usada bem como o psicológico, biomecânico e fisiológico servem para contribuir no ensino aprendizagem.
Podemos considerar que o desenvolvimento motor é influenciado pelo meio como a urbanização, tamanho da família, posição sócia econômica faz uma diferenciação somática ao longo do tempo.
Devemos ainda, considerar que o desenvolvimento motor se dá através de trabalhos específicos, de acordo com o grau de dificuldade na execução precisa do movimento. Dentro do atual contexto, cabe a escola através do trabalho do professor articular estratégias para manter uma relação dialética com a sociedade ao mesmo tempo em que ela produz e transforma a sociedade e a cultura.
Não podemos esquecer que a criança não é meramente ignorante ou um recipiente vazio, mas alguém capaz de raciocinar e extrair sentidos por conta própria e pelo discurso com outros. Nesse caso o conhecimento se desenvolve a partir do intercâmbio entre os discursos dos sujeitos pensantes e seus idealizadores.
Em suma se faz necessário por em prática o projeto político pedagógico da escola através de ações a serem desenvolvidas para o desenvolvimento intelectual do aluno.


Conclusão

Desejo que essa construção coletiva a partir de pensamentos em comum com outros autores e que essa troca de experiências e reflexão, contribua de forma significativa na compreensão de quão grande e importante torna-se a aquisição da leitura e seus significados no processo de alfabetização das crianças e o papel que o professor pode e deve desempenhar na sala de aula.
Concluo que, devemos trabalhar a leitura desde a alfabetização é também dar importância as experiências de mundo que a criança já traz e  vivenciou fora da escola. O desafio dos professores é aproveitar todo esse rico material que nossas crianças naturalmente adquirem e transformar em experiências de valor, contribuindo em todo o processo de letramento da criança leitora, e mais do que isso, ajudar na construção de um sujeito capaz de contribuir e participar como um verdadeiro cidadão.




Referências:
HOFFMANN, Jussara. Texto de Hoffmann relacionado à Leitura. 2009. Disponível em: http://doidoeusodeperto.blogspot.com/2009/05/texto-de-hoffmann-relacionado-leitura.html. Acesso em: 20 de Junho de 2012.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 1996.

________. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1990.


________. Secretaria Especial de Editoração e Publicações. Lei de diretrizes e bases da educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 2007.

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